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domingo, 9 de dezembro de 2007

TEXTOS E REFLEXÕES SOBRE A REALIDADE CONTEMPORÂNEA

Para reaprender a lutar pela vida

Por Graciela Selaimen

Amália Souza trabalha com ONGs há mais de vinte anos. Atualmente, lida mais especificamente com organizações ambientalistas. Ela conhece bem os sentimentos que mobilizam quem se dedica a melhorar a qualidade de vida no planeta, pelos mais diversos meios e linhas de ação. E está disposta a ajudar a resgatar em todas as pessoas que trabalham para mudar o mundo para melhor (e também aquelas que têm o desejo de fazê-lo) o sentido da ecologia profunda – através da qual podemos lidar melhor com os sentimentos de frustração, raiva, medo e dor que a expoliação desmedida do planeta desperta em todos nós.

Para isso, Amália trouxe para o Brasil os “Exercícios da Re-Conexão” - práticas desenvolvidas pelas pesquisadoras Joanna Macy e Molly Young Brown, que estão descritas no livro Nossa vida como Gaia – práticas para reconectar nossas vidas e nosso mundo. Disseminadora do trabalho de Joanna e Molly no Brasil, Amália realiza palestras e workshops, além de ter trabalhado para a tradução do livro e sua publicação. Nesta entrevista, ela explica de que se trata o trabalho de reconexão e fala sobre a importância de resgatarmos a nós mesmos, numa transformação individual e coletiva em direção a uma “Sociedade de Sustentação da Vida”.

Em primeiro lugar, gostaria de saber como você está envolvida com a publicação do livro no Brasil e por que resolveu trazê-lo para o público brasileiro?

Conheci este livro há 4 anos, quando participei de um treinamento intensivo por dez dias com a autora, Joanna Macy, na Califórnia. Eu já conhecia algumas práticas que ela desenvolveu com outros parceiros e, quando vi, este livro tão completo, ficou óbvio para mim que este trabalho deveria estar disponível no Brasil o quanto antes. Então comecei a buscar parceiros para viabilizar sua tradução. A Editora Gaia aceitou o desafio, e aqui estamos!

Como eu não poderia fazer a tradução pessoalmente, e traduções de práticas são difíceis de fazer por quem não as vivenciou, assumi com Joanna o compromisso de revisar a tradução para assegurar que a essência das práticas fosse mantida.

Quanto à decisão pessoal de trazê-lo para o Brasil, foi devido à imensa riqueza de suas práticas e ao fato de ter vivenciado pessoalmente os efeitos que provocam em nossa capacidade de voltar a ver a vida como ela é. Participar de um desses workshops é como redescobrir o mundo, encontrar nosso espaço de atuação neste momento planetário em que tanta coisa está em jogo. Primeiro redescobrimos a beleza da vida no mais íntimo do nosso ser. Depois passamos por uma catarse que nos limpa dos nossos medos, raivas, tristezas e dúvidas pela situação do mundo em que vivemos. E então estamos preparados para receber um jato de energia renovadora, e encontrarmos entre nossos talentos o nosso próprio caminho para colaborar com a grande virada que transformará esta Sociedade do Crescimento Industrial na Sociedade da Sustentação da Vida. Essa vivência realmente nos faz acreditar que isto é possível, apesar de toda a evidência em contrário.

Há quanto tempo você estuda esses temas? E como Joanna vem desenvolvendo este trabalho no mundo?

Faz cerca de 18 anos que tenho notícias deste trabalho. Mas ele foi iniciado há mais de 25 anos. Nesta época, as pessoas começaram a entender a real ameaça da energia nuclear e do lixo atômico. À medida que Joanna foi inteirando-se dessas ameaças, começou a perceber seu efeito devastador na psiquê humana, principalmente nas pessoas vivendo próximas a usinas nucleares e seus depósitos. Iniciou, então, uma série de vivências chamadas de "Desespero e Empoderamento na Era Nuclear", que era uma tentativa de libertar o medo para poder agir contra essa gigantesca ameaça à vida.

Em 85, ela encontra John Seed, um psicólogo e ativista australiano líder mundial no movimento de proteção de florestas tropicais. Juntos percebem que podem expandir o trabalho do desespero pela destruição do mundo no reconhecimento de que esses sentimentos provêm de um profundo amor pela vida, que por sua vez deriva da nossa profunda relação de interdependência com o mundo natural. A partir de então, este trabalho espalhou-se por toda a Europa Ocidental e Oriental, EUA e Austrália. Só agora chega à América Latina.

Simultaneamente, eu, em 85, ganhava uma bolsa de estudos para fazer a faculdade na Califórnia em Desenvolvimento e Serviços Internacionais e Estudos Internacionais de Meio Ambiente, exatamente quando se iniciava um movimento global para salvar as florestas tropicais. Imediatamente me envolvi com este movimento através da Rainforest Action Network, onde iniciei um programa de solidariedade com a Aliança dos Povos da Floresta no Brasil. Um de seus líderes, e meu mentor, foi Ailton Krenak e seus parceiros, grandes lideranças indígenas do Brasil, na União das Nações Indígenas. Voltei ao Brasil para trabalhar com eles, momento em que aprendi de forma profunda o que significa a relação do povo indígena com a natureza. Lições inesquecíveis!

Daí fui trabalhar com comunicação eletrônica para a sociedade civil e fortalecimento institucional de ONGs. Presentemente, coordeno o programa brasileiro da Global Greengrants Fund, fundação americana que apóia ativismo ambiental no mundo todo. Com todo este trabalho com ONGs, pude observar suas grandes dificuldades e o enorme desgaste emocional que essas atividades acarretam nesses seres humanos. Foi por isso que, quando tive acesso à primeira vivência com cunho ambiental desenvolvida por Joanna e John, o Conselho de Todos os Seres, em 1990, comecei a estudá-la, assim como temas relacionados a Teoria de Gaia, Ecologia Profunda, Educação para a Terra, Teoria dos Sistemas Vivos etc. Com todas estas teorias, nada me tocava tanto como a tradução vivencial que Joanna fez de tudo isso, para ajudar-nos a entender essas teorias com todos os nossos sentidos. Quando tive, finalmente, a possibilidade de estudar diretamente com Joanna, em 2000, e conhecer a evolução daquele primeiro trabalho, tive certeza de que esta é realmente uma ferramenta indispensável para o nosso momento planetário, para reunirmos nossas energias e aumentar nossa eficácia nesse tremendo trabalho de consertar o mundo!

O livro é apresentado como um manual para a realização de um trabalho chamado de Exercício da Re-Conexão. De que se trata este trabalho?

Ele parte da premissa de que há informação mais do que suficiente nos mostrando o processo de destruição que ativamos no planeta. Mas saber disso com nossas mentes, apenas, não está provocando nosso engajamento para reverter este processo destrutivo. Este trabalho utiliza as mais modernas teorias da biologia, física, psicologia, mas transforma-as em exercícios práticos que envolvem todos os nossos sentidos nessa compreensão profunda da crise planetária, assim como amplia a nossa percepção do tempo universal e de nossos próprios atributos para colaborar na reconstrução da vida.

Esta é a beleza do trabalho de Joanna Macy: ela nos ajuda a interiorizar todas essas informações para que todo nosso corpo, mente e espírito participem nessa autotransformação que pode eficazmente operar nesse momento de crise planetária, enfatizando a necessidade do trabalho coletivo.

As autoras também se referem às práticas descritas no livro como um "trabalho de ecologia profunda". Como se pode definir este conceito - ecologia profunda?

O conceito de ecologia profunda foi definido pelo norueguês Arne Ness. Foi uma reação à visão antropocêntrica da nossa civilização, que define a humanidade como a "coroa da criação", tendo todo o planeta e outras espécies à nossa disposição para usar e abusar para o nosso próprio conforto. Hoje vemos que foi exatamente esta atitude que provocou o caos ambiental no qual vivemos atualmente, e a ecologia profunda oferece-nos ferramentas para refletir sobre esta atitude. Ela reativa nossa memória como seres planetários, dependentes da tênue teia da vida para sobrevivermos.

Os ambientalistas estão a par deste tipo de ecologia e têm abertura para aplicá-la nos seus projetos?

Este trabalho ainda não é conhecido no Brasil, e não é fácil falar dele. É um trabalho vivencial. Acredito que os ambientalistas estão precisando muito de um descanso, de um momento de reconexão, que é uma das principais razões que me motivaram a trazê-lo para cá.

É importante dizer que este trabalho não é só para ambientalistas. Ele serve para qualquer pessoa que percebe a crise atual e se sente impelida a agir, mas não sabe por onde começar. Ou mesmo para quem quer compreender melhor o que está acontecendo. É feito para seres humanos, em qualquer lugar, atividade ou condição. Todos precisamos nos reconectar com a vida, sem discriminação.

Para os ambientalistas, ele seria ainda mais apropriado, pois são pessoas que já compreendem a crise, mas não necessariamente sabem como percebê-la de forma mais holística, que inclui todo o seu ser, alinhado no cumprimento dessa missão.

Qualquer pessoa pode utilizar esses exercícios no contexto que achar apropriado. E há muita necessidade de aplicá-lo nos coletivos humanos, em momentos específicos dentro de encontros e reuniões. Pode ajudar muito nossa mente a voltar a focar na essência do que estamos tentando construir juntos, e não só nos problemas e nas diferenças.

As autoras criticam aquilo que chamam de "lógica da Sociedade de Crescimento Industrial", cuja economia depende do consumismo crescente e que obedece a um padrão nada sustentável, colocando sob ameaça a vida na Terra. Uma reação muito comum a essa ameaça é a apatia - que leva as pessoas a negarem uma dor coletiva, pela expoliação sem limites do planeta e os riscos que isso traz. Como se traduz esta apatia, e como lidar com a "dor pelo mundo"?

É muito difícil, no plano pessoal, lidar com a ameaça iminente de destruição do planeta. Todos nós sabemos que esta ameaça é real. Ainda assim, tentamos levar uma vida “normal”, trabalhando, estudando, cuidando da família. Nosso medo é tão grande que a maioria de nós só consegue operar no dia-a-dia bloqueando esta informação, empurrando-a para longe, como se não existisse. Isto gera uma aparente apatia, como se não nos importássemos. O que, em torno, provoca a irritação de pessoas que estão dedicando sua vida para melhorar o mundo, fazendo-as produzir ainda mais informação para assustar ainda mais as pessoas, esperando que o pânico vá motivá-las a agir.

O que Joanna e Molly apontam neste trabalho é que a alienação é uma ferramenta de autoproteção, não de falta de conhecimento sobre a presente crise. Como nossa cultura produziu um grande distanciamento entre nós e a natureza – nós e os sistemas que sustentam a vida na terra –, temos a falsa impressão de que satisfaremos nossas mais profundas necessidades indo às compras, consumindo mais, criando maior conforto físico em volta de nós e nossas famílias, nos hipnotizando com a indústria do entretenimento de massa – tudo para afastar de nós o que intimamente sabemos sobre a destruição que ocorre à nossa volta.

Como lidar com isso? Olhando de frente para isso. Lembrando que somos parte da vida na terra há 15 bilhões de anos, intimamente ligados a tudo o que vive, a todos os elementos. Como nos lembra o monge budista Thich Nhat Hanh, "precisamos ouvir dentro de nós os sons da terra chorando".

Precisamos lembrar que temos autoridade inata de proteger a sobrevivência de nossa e todas as espécies, pois precisamos de todas elas para produzir uma atmosfera que sustente a vida. O nosso antropocentrismo deve dar lugar ao biocentrismo. Uma canção do boi Garantido, de Parintins, no Amazonas, diz que "a vida depende da vida pra sobreviver". Lembrarmos como a vida funciona e qual é nossa parte nessa teia é a única forma de sobrevivermos nesta terra.

Fazer isso sozinho não é fácil. É por isso que precisamos uns dos outros. Esquecemos como viver verdadeiramente em coletividade. Nossa sociedade nos torna cada vez mais individualistas e isolados uns dos outros. Mas precisamos nos lembrar, precisamos reaprender, unir forças e talentos para lutar pela vida. É natural reagir pela sobrevivência quando ela está ameaçada. É instintivo, parte da vida.

Há um movimento crescente e já bem notável nesta direção. Já podemos reconhecê-lo. Joanna chama-o de A Grande Virada da Sociedade do Crescimento Industrial para a Sociedade da Sustentação da Vida. Os sinais da Grande Virada são claros, e muita gente já faz parte dela. Não estamos sozinhos. Precisamos nos encontrar e trabalhar juntos pela vida.

Por que a maioria das pessoas reprime esta dor?

A dor dói! É difícil encarar a dor de frente. Principalmente quando fomos condicionados a ignorá-la, ver sua manifestação como fraqueza, ou loucura. Na sociedade que criamos não há lugar para manifestar sentimentos de forma sadia. Ela nos mostra que devemos ser fortes, auto-suficientes, e não sensíveis ao que se passa à nossa volta.

Joanna e Molly falam no livro sobre as várias formas que usamos para reprimir nossos sentimentos. As fontes psicológicas da repressão que nos silencia diante da situação do planeta: o medo da dor, o medo do desespero, o medo de parecermos mórbidos, a falta de confiança em nossa inteligência, medo da culpa, medo de causarmos perturbação, medo de não sermos patrióticos, medo de parecermos fracos e emotivos, a crença em um Eu separado e o medo da falta de poder. Também apontam para as fontes socioeconômicas da repressão. Entre elas está a mídia popular, cuja mensagem constante é: consuma, obedeça, fique quieto, morra. Também sofremos as pressões de trabalho, a falta de tempo e a violência social.

Parece ser um esforço sobre-humano fazer alguma coisa dentro deste contexto. Mas o que este trabalho mostra é que não é assim. Uns dias com um grupo de pessoas trabalhando para este propósito específico têm efeitos que jamais conseguimos sozinhos.

O que é o "eu ecológico" e como este conceito se opõe ao antropocentrismo?

Muitas vezes, quando alguém nos pede para apontarmos para alguma coisa na natureza, sempre apontamos para uma planta, um animal, mas não para nós mesmos. Passamos a nos ver como separados da natureza. Como seus dominadores. Como se tudo na terra tivesse sido criado para servir a nossas necessidades. Podemos tirar, tirar e nunca devolver – o antropocentrismo. Não somos os donos! Nossos corpos são constituídos dos mesmos elementos que uma planta, uma rocha, o ar, a água, em proporções e combinações diferentes, e não há como dissociar nossas necessidades biológicas da existência dessa “matéria-prima” para manter nossos corpos vivos. Isso é fato! Destruir a disponibilidade desses elementos é o mesmo que cometer suicídio. E é isso que estamos fazendo!

Nossa habilidade de nos vermos novamente como parte da natureza, parte da vida, é o que pode devolver-nos a chance de sobrevivência neste planeta. Isso não pode ser visto como um sacrifício. Como lembra Arne Ness, "o cuidado necessário flui naturalmente quando o Eu se amplia e se aprofunda a ponto de sentir a proteção da natureza livre, concebida como a proteção de nós mesmos". Para isso precisamos de dedicação. Já não chega naturalmente. É tempo de unirmo-nos para nossa missão comum: reaprender a ser parte da natureza para recuperar um ambiente favorável à vida!

Que correlações este movimento de ecologia profunda tem com outros, como o ecofeminismo, ecojustiça e ecopsicologia? Você pode falar um pouco sobre estes movimentos?

John Seed diz muito bem que "o antropocentrismo significa chauvinismo humano. Semelhante ao sexismo, mas substituindo 'raça humana' por homem e todas as outras espécies por mulher". O mesmo pode ser dito em relação à disparidade econômica que existe no planeta, onde poucos consomem quase todo o planeta enquanto a grande maioria padece na miséria. No ecofeminismo, questionou-se que as forças que destroem o planeta provêm realmente do "androcentrismo" (patriarcado) e que as características femininas são curadoras, as que cuidam, protegem e dão a vida. A ecojustiça, por sua vez, traça paralelos entre a crise ambiental e as questões de raça, classe social e pobreza. Fica claro que justiça social inclui acesso a um ambiente saudável. Então o que dividia os ativistas entre movimento social e movimento ambiental dialoga agora dentro do socioambientalismo.

Já a ecopsicologia é uma das linhas mestras no Exercício da Re-Conexão. Esta linha da psicologia, principalmente, conclui que nossa saúde mental e psíquica não depende somente de nossas relações com os outros seres humanos, mas com o sistema de vida terreno que nos mantém vivos. É preciso expandir nossa percepção para englobar a saúde do planeta. Não podemos ter sanidade sem curarmos nossa relação de falsa separação do mundo natural, o que eventualmente nos leva a concluir que não somos senhores absolutos da vida na terra.

Como você vê a importância de que as dinâmicas apresentadas por Joanna Macy e Molly Brown sejam postas em prática por ativistas de ONGs e movimento social? Em que medida os ativistas da área ambiental (por exemplo) lidam com a dor, a raiva e o medo por conta do que está sendo feito com o planeta?

Acredito que é fundamental para os ativistas encontrarem o equilíbrio entre sua tremenda dedicação pela transformação do mundo e sua dedicação por modelar esta transformação no nível pessoal. Não é possível ser eficiente quando não se dorme bem, não se come bem, não se cultiva e atende às amizades ou não se descasa a mente dos prazeres que a vida nos proporciona. Mas em geral não fazemos isso. Temos um mundo a salvar e não temos tempo para descansar!

Convivo com ativistas do Brasil e do mundo há quase 20 anos e me considero uma deles. Mas na luta para melhorar o mundo vejo que a grande maioria trabalha motivado pela urgência da situação, o que demanda um grande estresse mental e muita ação combativa. Por um lado, extravasam a dor e angústia dessa forma. Mas isso acaba afetando suas relações uns com os outros. Sem momentos de reflexão, de "respiro", tudo à sua volta se torna urgente e não há tempo, muitas vezes, para buscar o consenso entre os colegas. Muitas organizações não sobrevivem, outras disputam recursos limitados em detrimento da eficiência dos resultados. Perde-se, assim, uma tremenda energia que poderia estar sendo focada na resolução dos problemas comuns. Não estou dizendo que não há eficiência no seu trabalho, muito pelo contrário. As conquistas são enormes nas últimas décadas. Somente que o custo pessoal desse sucesso é muito alto, e pode ser amenizado.

Acredito que é tempo de os ativistas reverem sua forma de trabalho e darem-se chance para refletir, reconstruir parcerias e renovar energias, pois o trabalho é grande e árduo.

Estou certa de que todos, ou a maior parte desses ativistas, iniciaram seu trabalho ambiental e social devido a uma profunda indignação sobre o estado atual das coisas, proveniente de um profundo amor pela vida e pelos seres vivos. É preciso que se lembrem disso. Tenho certeza de que o Exercício da Re-Conexão é um ótimo antídoto para o desgaste energético que sofrem diariamente. Sem dúvida, devemos trabalhar pela vida e ser eficientes, mas não em detrimento de nossa saúde e nossas relações pessoais. Assim só fazemos entrar na doença coletiva! É tempo de cuidarmos de nós para sermos mais eficazes nos nossos projetos – sermos a mudança que queremos ver no mundo, como diz sabiamente nosso mestre Gandhi.

Isso implica um grande novo esforço coletivo. Como nossos egos nos atrapalham muito nesse sentido, temos que reaprender como fazer isso. Reaprender, por exemplo, com os gansos! Gosto muito de lembrar como se organiza um bando de gansos em vôo migratório. Voam em formação de V, com o líder na ponta. O bater das asas dos da frente alivia o esforço dos de trás. Quando o líder se cansa, passa para trás e outro assume a liderança. Precisamos aprender a descansar, a pedir ajuda e a aceitá-la. E principalmente a manter a conexão com a vida, nosso melhor alimento para atingir o sucesso.

Como é possível multiplicar este trabalho de reconexão?

O livro “Nossa Vida Como Gaia” demonstra a natureza extremamente generosa da autora. Qualquer um que obtém o livro e se identifica com o trabalho pode aplicá-lo em seus grupos. E como ela mesma diz: quanto mais gente estiver aproveitando-o, melhor. Há muito o que fazer para determo-nos em individualismos.

Isso dito já esclarece o meu papel neste processo. Como acredito imensamente nos efeitos positivos deste trabalho, me proponho a disseminá-lo no nosso país oferecendo os workshops a quem se interessar, para que ele possa tornar-se conhecido. Tenho colaboradores no momento que estão organizando o primeiro material de disseminação, uma agenda de workshops para esse final de ano e 2005, para mobilização da mídia etc. Estaremos abertos a qualquer pessoa que quiser levar este trabalho a sua região e nos ajude a organizar um workshop local.

É importante mencionar que nem eu nem qualquer organização atualmente envolvida nesse trabalho no Brasil pretendemos deter nenhum direito sobre ele। Qualquer pessoa que queira pode usá-lo da forma como achar conveniente. É um presente de Joanna Macy para o mundo. E é um presente lindo! Convido todos a se permitirem esta magnífica experiência de reconexão com a vida! Espero vocês!

Fonte: Rets - Revista do Terceiro Setor


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